- Miss Nobody
- Voluntariamente autista, sociável com trouxas, fluência em melancolicês. Não tem dom de se expressar pela fonética, mas ama a escrita mesmo sem saber juntar a multidão de letras que seguem suas células. Apenas uma alma muda na imensidão de vozes.
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terça-feira, 6 de março de 2018
é preciso bastante imaginação
para não definhar
em um calabouço rapidamente
contando os dias como uma forma de segurar o nada
como forma de esperar uma saída, você conta
depois reconhece todo o lugar a sua volta
até que
não sobre tantos detalhes
você se torna obsessivo por ver
quer ultrapassar as camadas do olhar
cansativamente
a procura de vida no esquecimento
as vistas se acostumam a escuridão
vez ou outra a pequena grade da janela
anuncia o silêncio lá de fora
porque cá dentro do tormento
não há silêncio no calabouço
não há silêncio na torre mais alta
se você pudesse se jogaria lá do alto
a procura do som da queda
a procura da voz da pele
faz tempo que o vento faz falta
o vento
a água
a abundância dessas coisas
é como um abraço
quando a pele já parece não sentir mais nada
qual a maior saudade de alguém
que não vê mais a amplitude da luz do dia?
a saudade da pele parece gritar
e desejaria queimar no inferno solar
de tanto desejo
talvez ele lavaria sua alma no fogo
um prazer estranho em se tornar pó
mas ter se sentido em chamas
ver a luz e não poder senti-la
se não é a mais triste das dores.
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