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Voluntariamente autista, sociável com trouxas, fluência em melancolicês. Não tem dom de se expressar pela fonética, mas ama a escrita mesmo sem saber juntar a multidão de letras que seguem suas células. Apenas uma alma muda na imensidão de vozes.

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sábado, 19 de novembro de 2016


Como seria bom se pudéssemos em modo real abraçar a nossa própria alma
às vezes queria só que ela saísse de mim livre
e fosse minha companheira externa
é tão difícil contê-la em tão apertado corpo
queria que ela se deitasse e descansasse ao meu lado
que andássemos de mãos dadas
que nos levássemos
que ela pudesse caminhar sem mim

De algum jeito me coube protege-la em minhas entranhas cavernosas
eu sou o seu escudo
sua casca
em camadas momentâneas

Não somos a mesma pessoa
passo meus dias tentando fazer amizade com essa criatura que pousou dentro de mim
tão difícil conter dois seres dentro de um só corpo
Hermann Hesse me entenderia

Seria tão bom sentir a tua existência despregada da minha
mas se tu se machucas até dentro de mim 
a visão do mundo te aniquilaria 
e eu o que seria sem te guardar?

Me parece que tu já vinhas de lá muito cansada de tanto vagar e se escondeu em mim
tu tens para mim a mesma visão de retorno
tudo que vejo são as suas costas em mim
sempre a andar de um lugar distante

Posso sentir quando caístes dentro de mim
e eu não encontro uma posição de te levantar
é tão triste te olhar prostrada de costas
como será o teu rosto
esse segredo que guardas de mim
mas a tua voz me dá calafrios oceânicos

Como pode algo tão frágil incomodar tanto
será que um dia te verei do lado de fora
tua face seria um bálsamo ou assombro?
sereia de mim
canto mortífero de mim

Você é o sopro mais perfurador
que escava as minhas rochas interiores
será que tenho o que tanto procuras

Tu me deixaste lugares vagos
onde a tua essência se expande 
talvez são teus rastros 
para enfim um dia eu tocar o teu frágil rosto
tu procuras em mim 
lugares de te achar.

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