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Voluntariamente autista, sociável com trouxas, fluência em melancolicês. Não tem dom de se expressar pela fonética, mas ama a escrita mesmo sem saber juntar a multidão de letras que seguem suas células. Apenas uma alma muda na imensidão de vozes.

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sábado, 16 de janeiro de 2016

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Há uma linguagem secreta que vem do chão, e ela chama por mim, como pequenos puxões em teias que te aproximam para se fundir ao som úmido que vem das entranhas sombrias.
Quase dá para sentir o corpo querer se misturar à terra, se esfarelar por uns instantes da moldura corporal. 
Se espalhar aos pós por todos os cantos do chão. Se amontoando como tapete aveludado de pó, tão uniforme como uma nova pele. 
Que loucura amanhecer com desejo de queda em meio a superfícies concretas. Loucura de abrir a alma com desejo de precipícios.
Nem decolar, nem aplanar, somente desmoronar.
Nem deitar, nem levantar, apenas a queda.
Um devaneio de eclodir terremotos através da inspiração.
Derrubar o chão, explodir um buraco interior.
A pele já não quer mais o tombo de uma folha a desabotoar o galho, quer o tombo das águas densas a vestir pedras e empoçar o chão.
Os ossos regurgitam a minha pele como quem rejeita proteção, como se quisesse sem consolo ao relento sentir o frescor do bravio vento
atravessar-lhe as brechas.
É o corpo se desprendendo em molas, é o desejo de jogar no abismo.
Não é o motivo de encontrar, mas o impulso de procurar. Pro-curar. Morremos pro-curando.
Porque não seria na queda que a vida passa nos olhos, não é na queda que você sente a incompreensível vontade de segurar o invisível.
O primeiro voo é sempre uma queda. 

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